segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O HOMESCHOOLING está liberado no Brasil!



Explico. Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, os tratados internacionais devidamente ratificados pelo Congresso Nacional têm statussupralegal. Isso quer dizer que esses tratados são hierarquicamente inferiores à Constituição (lei positiva máxima), mas superiores às demais leis. Ora, o ECA (Estatuto da Criança e Adolescente), que é uma lei ordinária, diz: “Os pais ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino” (art. 55). Mas a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Convenção Americana dos Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), que são tratados internacionais ratificados pelo Brasil, dizem o contrário e, portanto, prevalecem: “Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos” (artigo 26.3 da Declaração Universal dos Direitos Humanos); "Os pais e, quando for o caso, os tutores, têm direito a que seus filhos e pupilos recebam a educação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções." (Artigo 12.4 da Convenção Americana dos Direitos Humanos).

Ambos os textos são claríssimos. Repito: esses tratados são hierarquicamente superiores ao ECA e à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Com efeito, não só o ECA e a LDB, mas qualquer outra lei que impeça o homeschooling perde a eficácia, pois os tratados mencionados têm status supralegal. Portanto, juridicamente, não há nada que proíba os pais de adotar o homeschooling para os filhos. E mais: outro direito que se depreende das aludidas normas é o de rejeitar qualquer conteúdo ministrado nas escolas regulares que seja considerado impróprio pelos pais, como o famigerado kit gay, por exemplo.

Vimos que não há qualquer óbice jurídico ao homeschooling no Brasil. Sendo assim, os pais poderiam adotar o método da educação em casa desde já, sem que para isso fosse necessária qualquer mudança legislativa. Porém, a coisa é um pouco mais complicada. O problema, quase sempre, é fazer valer esse direito dos pais. Os diplomas internacionais citados, plenamente válidos e eficazes no Brasil, são ignorados até pelos juízes, que continuam a usar o ECA para forçar a matrícula das crianças. Os empecilhos são muito mais políticos, culturais e ideológicos do que jurídicos. Mas creio que nem tudo está perdido. Cabe aos pais zelosos recorrer aos tribunais contra a tirania. Quanto mais processos houver, quanto mais o tema for ventilado na imprensa, na internet e nas esquinas, maior a chance de obter resultados favoráveis. Trata-se de uma guerra cultural a ser travada, com boas possibilidades de vitória. Afinal, não deve ser difícil compreender que a educação é assunto da família e da sociedade, não de burocratas do estado.

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¹ Henrique Cunha de Lima é  procurador do Ministério Público de Contas do Estado do Rio de Janeiro.



domingo, 13 de novembro de 2011

Pode-se eliminar um embrião? Não!


A Profa. Dra. Alice Teixeira Ferreira. demonstra estar cientificamente comprovado que a vida humana tem início desde a concepção.

Torna-se urgente empregar todos os esforços para impedir que a tragédia do aborto generalizado por lei se torne realidade.

Contra tal crime inominável, é de grande importância fazerem-se ouvir vozes autorizadas. Na área da ciência, a palavra da Profª. Dra. Alice Teixeira Ferreira é do maior peso.

Convicta anti-abortista, desenvolve ela intensa atividade em defesa da vida e contra a legalização do aborto no Brasil.

Em seu laboratório no Departamento de Biofísica na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), onde é livre docente, a Dra. Alice, médica pesquisadora na área biomédica, recebeu gentilmente a reportagem da Revista Catolicismo, que transcrevemos abaixo.

Ela pesquisa há mais 15 anos na área de biologia celular, sobre os mecanismos de sinalização celular. A renomada pesquisadora é também coordenadora do Núcleo interdisciplinar de Bioética da UNIFESP e professora de Bioética no curso biomédico dessa Universidade.* * *

Catolicismo  Quais as razões que fundamentam sua posição contrária ao aborto?

Profª Alice Teixeira — Eu baseio minha posição contra o aborto em razões científicas e éticas.

Porque está demonstrado pela ciência que a origem do ser humano se situa no momento da concepção.

O Sr., eu, todos nós tivemos nossa origem na concepção. Esse é um fato que foi descrito pela ciência. A ciência não dá o “porquê”, ela dá o “como”.

Já em 1827 isso foi descrito por Karl Ernst von Baer. Ele observou o ovo, ou zigoto, em divisão na tuba uterina e o blastócito no útero de animais. Em duas obras descreveu os estágios correspondentes ao desenvolvimento do embrião. Por isso é chamado “pai da embriologia moderna”.

Todo livro moderno de embriologia humana traz esta descrição. Todos os textos consultados, nas suas últimas edições, afirmam que o desenvolvimento humano se inicia quando o ovócito é fertilizado pelo espermatozóide. Todos afirmam que o desenvolvimento humano é a expressão do fluxo irreversível de eventos biológicos ao longo do tempo, que só pára com a morte.

O embrião se forma a partir de uma única célula: o zigoto, que, por meio de muitas divisões celulares, forma os tecidos e órgãos do ser vivo.

Já desde o primeiro momento da concepção você tem o aparecimento de um genoma humano específico, característico de cada indivíduo, que é único, e que não se repete mais. Isso significa que todas as células de um mesmo indivíduo, seja o zigoto, as do embrião e as do homem já nascido, têm a mesma organização genética, irrepetida em todos os demais indivíduos.

Com base nessas evidências experimentais, o papa Pio IX aceitou, em 1869, a concepção como a origem do ser humano. E, do ponto de vista da ética, nós temos que respeitar a dignidade do ser humano que está presente ali, na concepção.

Então, por estas razões, eu sou contra o aborto. Porque no aborto, seja com a “pílula do dia seguinte”, seja com curetagem ou aspiração, se está eliminando um ser humano.

Se o embrião humano é um ser humano, uma pessoa humana, eu não posso matá-lo, destruí-lo, nem mesmo para utilizar as suas células em pesquisas. O argumento que usam alguns, de que são embriões não viáveis, é falso. Se não fossem viáveis, estariam em processo de morte, e não se faz pesquisa com células em processo de morte.

Catolicismo  A Sra. considera que existe uma indústria do aborto no mundo?

Profª Alice Teixeira — Existe. O Dr. Bernard Nathanson, por exemplo, que foi um dos principais líderes que promoveram o aborto nos EUA (reconheceu ter praticado ele mesmo 5.000 abortos na década de setenta), informa que se paga 300 dólares por um aborto nos EUA.

O Dr. Jorge Andalaft Neto, médico do Hospital do Jabaquara — único hospital onde se pratica oficialmente o aborto — diz que no Brasil um aborto custa entre mil e dois mil reais.

Também a deputada Jandira Feghali afirma que temos no Brasil “milhões” de abortos clandestinos. Esse dado é muito difícil de se confirmar, porque se trata de abortos clandestinos, que não são declarados. Como pode ela afirmar esses números? Quais as fontes de tais dados?

Catolicismo  A Sra. acha plausíveis os números divulgados que indicam algo em torno de 45 milhões de abortos por ano no mundo inteiro, sem contar países como a China, onde o número é provavelmente ainda maior?

Profª Alice Teixeira — Pode ser. Na China existe uma indústria de cérebros de fetos. É o que acontece quando se perde o conceito de vida humana.

Catolicismo  Qual a lógica que está por detrás da insistência em pesquisas com CTEH (células embrionárias), que supõem a morte do embrião, em vez de se utilizar na pesquisa CTAH (adultas)?

Profª Alice Teixeira — Dinheiro… O próprio James Watson — descobridor da composição do ADN, que lhe valeu o Prêmio Nobel — se opôs ao Projeto do Genoma Humano. Mas, como foram investidos no projeto cinco bilhões de dólares, ele acabou aceitando ser o diretor e coordenador do projeto no NIH (National Institute of Health, dos EUA).

Catolicismo  Existe uma ideologia escondida nesses intentos?

Profª Alice Teixeira — J.Watson era partidário da eugenia (“higiene racial”). Afirmava que com o genoma ele chegaria a distinguir quem era mais inteligente, saudável, etc., e que seria possível fazer uma seleção a fim de determinar quem teria o direito de viver, e quem não…






sexta-feira, 11 de novembro de 2011

“Que eles cortem toda assistência”: países africanos se revoltam contra ameaça da Inglaterra de cortar assistência por causa da homossexualidade

Escrito por Peter Baklinski


África, 8 de novembro de 2011 (Notícias Pró-Família) — O presidente de Gana está liderando a investida enquanto vários países africanos estão assumindo posturas contra a ameaça da Inglaterra para que eles legalizem os atos homossexuais ou sejam excluídos de receber assistência financeira.

John Evans Atta Mills, presidente de Gana

“Eu, como presidente desta nação, nunca iniciarei nem apoiarei tentativa alguma de legalizar a homossexualidade em Gana”, disse o presidente John Evans Atta Mills numa declaração oficial para o governo da Inglaterra sob o primeiro-ministro David Cameron na quarta-feira passada.

Na Reunião de Chefes de Governo da Comunidade Britânica de Nações em Perth, Austrália no final de outubro, na qual o primeiro-ministro Cameron esteve presente, a questão da homossexualidade nos países em desenvolvimento foi levantada num relatório interno que recomendava que todos os países da Comunidade eliminassem as leis que proibiam a atividade homossexual, conforme disse uma reportagem da BBC.

Cameron, falando no programa de televisão The Andrew Marr Show em Perth durante sua estada na Austrália, disse: “A assistência britânica deveria ter mais obrigações específicas”.

“A Inglaterra é agora uma das nações que mais dão assistência no mundo. Queremos ver os países que recebem nossa assistência respeitando direitos humanos específicos, e isso inclui o modo como as pessoas tratam os indivíduos gays e lésbicos”, continuou Cameron.

“Estamos dizendo que esta é uma das coisas que determinarão nossa política de assistência”, disse ele, acrescentando que “esses países [africanos] estão todos num percurso [para superar a discriminação] e cabe a nós ajudá-los ao longo desse percurso”.

Entretanto, o presidente Mills respondeu rapidamente que a Inglaterra não tem o direito de decretar ou anular os valores culturais e morais de Gana.

“Ninguém pode negar ao primeiro-ministro Cameron seu direito de fazer políticas, adotar iniciativas ou fazer declarações que reflitam as normas e ideais de sua sociedade. Mas, ele não tem o direito de dirigir outras nações soberanas quanto ao que devem fazer, principalmente em áreas em que as normas e ideais de suas sociedades são diferentes das normas e ideais que existem na sociedade do primeiro-ministro Cameron”.

“Embora agradeçamos toda a assistência financeira e toda a ajuda que nos foi dada por nossos parceiros de desenvolvimento, não aceitaremos nenhuma assistência que venha acompanhada de ‘imposição de condições’ se essa ajuda não beneficiar nossos interesses, ou se a implementação — ou a utilização — dessa ajuda com condições impostas particularmente piorasse nossa difícil situação como nação, ou destruísse a própria sociedade onde queremos usar o dinheiro para trazer melhorias”.

Malaui

Antes das declarações de Mills, Patricia Kaliati, porta-voz do governo de Malaui, disse que era “deplorável” que a Inglaterra estivesse considerando “condições pró-homossexualismo” para dar assistência, acrescentando que os atos homossexuais são ilegais em Malaui. Ela comentou que tais leis são um legado do governo britânico, conforme disse reportagem do jornal Nyasa Times.

Uganda

Igualmente em 31 de outubro, John Nagenda, conselheiro presidencial de Uganda, fez uma declaração forte para a BBC, dizendo que os ugandenses estavam “cansados desses sermões” e não deveriam ser tratados “como crianças”, acrescentando que a “mentalidade de truculência” de Cameron é “muito errada”.

“Uganda, se você recorda, é um Estado soberano e estamos cansados de pessoas que nos passam esses sermões”.

“Se eles querem levar seu dinheiro, que assim seja”, concluiu ele.

Tanzânia

Depois das declarações de Mill, a Tanzânia se adicionou à crescente lista de países africanos que estão dizendo que não farão concessões com seus valores culturais e morais, ainda que isso signifique perder o apoio financeiro da Inglaterra.

“A Tanzânia jamais aceitará a proposta de Cameron porque temos nossos próprios valores morais. A homossexualidade não é parte da nossa cultura e jamais a legalizaremos”, disse Bernard Membe, ministro das relações exteriores, de acordo com o jornal Guardian da Tanzânia.

“A Tanzânia está pronta para terminar suas relações diplomáticas com a Inglaterra se o governo inglês impuser condições na assistência que dá para pressionar em favor da aceitação de leis que reconhecem a homossexualidade”.

“Somos guiados por nossa tradição. Temos famílias compostas por uma mãe, um pai e filhos. O que Cameron está fazendo pode levar ao colapso da Comunidade Britânica de Nações”.

Zanzibar

Zanzibar, o arquipélago semiautônomo da Tanzânia, também se manifestou publicamente contra a assistência britânica acompanhada de condições impostas.

“Temos uma forte cultura zanzibar e islâmica que detesta as atividades gays e lésbicas, e para qualquer um que nos disser que a assistência de desenvolvimento está ligada à aceitação da homossexualidade, vamos dizer ‘não”, disse Ali Mohamed Shein, presidente do Zanzibar, para jornalistas na última sexta-feira.

“Não podemos fazer concessões desonrosas com relação à nossa cultura profundamente enraizada nem permitir algo que é completamente contra nossa religião. Que eles cortem sua assistência [para nós]”.

Os atos homossexuais são ilegais, em maior ou menor grau, em 40 dos 53 países africanos, de acordo com um levantamento feito pela Associação Internacional de Gays e Lésbicas.




Nigéria rejeita ameaças da Inglaterra e apoia o verdadeiro casamento

Escrito por Adam Cassandra


LAGOS, Nigéria, 7 de novembro de 2011 (HLIWorldWatch.org/Notícias Pró-Família) — Ativistas pró-vida e pró-família na Nigéria estão se mobilizando para dar apoio a um projeto de lei que está no momento sendo considerado no Senado da Nigéria que proibiria o “casamento” de mesmo sexo no país mais populoso da África em meio a ameaças do Reino Unido de cortar assistência se os países não protegerem os “direitos” homossexuais.

“A [organização pró-vida] Vida Humana Internacional da Nigéria está juntando forças com outras organizações pró-vida e nigerianos bem-intencionados para uma mobilização para defender esse projeto de lei”, disse Chizoba Nnagboh, diretor na Nigéria da Vida Humana Internacional (VHI). “Organizações antivida, se disfarçando de organizações de direitos humanos, não estão dando folga, mas estão também seriamente fazendo mobilizações para deter o projeto de lei”.

Um dos principais patrocinadores do projeto, o senador Domingo Obende, recentemente reconheceu que as pressões de um debate mundial sobre o casamento de mesmo sexo estão levando alguns países a legitimar a prática homossexual, enquanto outros estão à beira de fazer isso. Ele frisou que a Nigéria precisa agir muito rápido para que essa tendência não ache um meio de entrar no país. O sr. Nnagboh relatou que o senador Nnagboh exortou o Senado a proibir o casamento de mesmo sexo, que “levará ao colapso da sociedade”.

Uma versão do projeto de lei apareceu diante do Poder Legislativo em 2006, mas nunca foi para votação. O projeto foi reintroduzido em 2008, e passou por duas revisões, mas também nunca foi colocado para votação.

Organizações como Human Rights Watch, Anistia Internacional e a Comissão Internacional de Direitos Humanos Gays e Lésbicos estão pressionando o presidente da Nigéria Goodluck Jonathan a vetar o projeto se o Congresso o aprovar. David Cameron, primeiro-ministro da Inglaterra, recentemente ameaçou cortar assistência de países africanos como a Nigéria que buscam proteger a santidade do casamento no nome dos “direitos humanos”.

O primeiro-ministro Cameron disse que aqueles que estão recebendo assistência do Reino Unido têm a obrigação de “respeitar direitos humanos específicos”. Eliminar as leis que cometem “discriminação” contra a homossexualidade foi uma das recomendações de um relatório interno da Reunião dos Chefes de Governo da Comunidade Britânica de Nações realizada em Perth, Austrália.

Na semana passada, a VHI da Nigéria enviou uma carta de apoio ao projeto de lei que criminaliza o “casamento” de mesmo sexo no Senado da Nigéria antes de uma audiência pública sobre o projeto em 31 de outubro de 2011.

“A VHI da Nigéria deseja declarar que embora respeite todas as pessoas como elas são, não tem de respeitar tal ataque em massa contra tudo o que é sagrado para nós e contra o bem de nossa sociedade”, a carta declarou.

“O ‘casamento’ de mesmo sexo é uma ofensa aos nossos sentimentos religiosos e culturais” e “é um insulto para a instituição do casamento e família”, a carta, assinada pelo sr. Nnagboh, também disse.

David Mark, presidente do Senado da Nigéria, expressou apoio ao projeto de lei na audiência pública.

“Minha fé como cristão abomina isso. É incompreensível considerar o casamento de mesmo sexo. Não consigo entendê-lo. Não dá para se ter parte nisso”, disse o senador, alertando contra o que ele chamou de “importação de uma cultura estrangeira”.

Há uma “forte determinação entre os nigerianos de continuar a preservar a cultura da vida apesar das influências externas que estão trabalhando para miná-la”, disse o sr. Nnagboh. “Os nigerianos têm uma paixão muito especial por preservar a santidade do casamento e a família tradicional, e esse projeto de lei veio para garantir que o casamento de mesmo sexo, que não só é tabu na cultura nigeriana, mas também ofensivo para os sentimentos religiosos dos nigerianos, não crie nenhuma raiz na Nigéria”.


sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Aquecimento global é a “maior e mais bem sucedida fraude pseudocientífica que eu já vi em minha longa vida de físico”


Harold Lewis, professor emérito de física da Universidade da Califórnia em Santa Barbara,renunciou à Sociedade Americana de Física.

Só um grave motivo poderia ter levado alguém com currículo tão vasto* a renunciar ao importante órgão de físicos americanos.

E esse motivo foi o “embuste do aquecimento global”, uma fraude amparada até por cientistas famosos que, perdendo o amor à verdade, começaram a enveredar pela corrupção.

Eis o texto da carta feita pública pelo próprio professor Hal Lewis.

De: Hal Lewis, da Universidade da Califórnia em Santa Barbara
Para: Curtis G. Callan Jr., da Universidade Princeton, presidente da Sociedade Americana de Física


Caro Curt:


Quando eu ingressei na American Physical Society há sessenta e sete anos atrás ela era muito menor, muito mais delicada, e ainda não corrompida pela inundação de dinheiro (uma ameaça contra a qual Dwight Eisenhower advertiu há meio século).

Na verdade, a escolha da física como profissão era, então, uma garantia de uma vida de pobreza e de abstinência. Foi a Segunda Guerra Mundial que mudou tudo isso. A perspectiva de ganho mundano levou alguns físicos.

Tão recentemente quanto 35 anos atrás, quando eu presidi o primeiro estudo APS de uma controversa questão social/científica, o The Reactor Safety Study, embora houvesse fanáticos em grande quantidade no exterior não havia indício algum de pressão descabida sobre nós como físicos. Éramos, portanto, capazes de produzir o que eu acredito que foi e é uma avaliação honesta da situação naquele momento.

Estávamos ainda reforçados pela presença de uma comissão de fiscalização composta por Pief Panofsky, Vicki Weisskopf e Hans Bethe, todos eles físicos proeminentes e irrepreensíveis. Fiquei orgulhoso do que fizemos em uma atmosfera carregada. No final, a comissão de fiscalização, no seu relatório ao Presidente APS, observou a total independência em que fizemos o trabalho, e previu que o relatório seria atacado pelos dois lados. Que melhor homenagem poderia haver?

Quão diferente é agora. Os gigantes já não caminham sobre a terra, e a inundação de dinheiro tornou-se a razão de ser de muita pesquisa em física, o sustento vital para muito mais, e fornece o suporte para um número incontável de empregos profissionais.

Por razões que logo ficarão mais claras omeu orgulho em ser um ex-companheiro APS todos esses anos foi virando vergonha, e eu sou forçado, absolutamente sem prazer, a oferecer-lhe minha renúncia da Sociedade.

É claro, o embuste do aquecimento global, com os (literalmente) trilhões de dólares que corromperam muitos cientistas, e levou a APS como uma onda gigantesca.

É a maior e mais bem sucedida fraude pseudocientífica que eu já vi em minha longa vida de físico. Qualquer um que tenha a menor dúvida de que isto é assim deve se esforçar para ler os documentos doClimategate, que a colocam a nu. (O livro de Montford organiza os fatos muito bem.) Eu não acredito que qualquer físico verdadeiro, mesmo o não cientista, pode ler esse material sem repulsa. Eu quase gostaria de fazer dessa repulsa uma definição da palavra cientista.

Então, o que tem feito a APS, enquanto organização, em face desse desafio? Ela aceitou a corrupção como a norma, e se deixou levar por ela. Por exemplo:

1. Há um ano, alguns de nós enviamos um e-mail sobre o assunto para uma fração da sociedade. A APS ignorou os problemas, mas o então presidente iniciou imediatamente uma investigação hostil para saber onde nós obtemos os endereços de e-mail. Em seus melhores dias, APS acostumava incentivar a discussão das questões importantes, e de fato a Constituição fixa isso como seu objetivo principal. No more. Não mais. Tudo o que foi feito no ano passado foi projetado para silenciar o debate.

2. A espantosamente tendenciosa declaração da APS sobre a Mudança do Clima aparentemente foi escrita às pressas por algumas pessoas durante o almoço, e certamente não é representativa dos talentos dos membros da APS como eu os conheço há muito tempo.

Então, alguns de nós pedimos ao Conselho que a reconsidere. Uma das notas de (in)distinção na Declaração foi a envenenada palavra “incontrovertível”, que se aplica poucos pontos na Física, e certamente não à questão climática. Como resposta a APS nomeou um comitê secreto que nunca conheci, que nunca incomodou-se em falar com algum “cético” mas, no entanto, aprovou a Declaração na íntegra. Eles admitiram que o tom havia sido um pouco forte, mas, engraçado, eles conservaram a palavra envenenada “incontrovertível” para descrever os fatos, posição que ninguém sustenta. No final, o Conselho manteve a declaração original, palavra por palavra, e aprovou um texto muito mais “explicativo”, admitindo que havia incertezas, mas pondo-as de lado para dar a aprovação genérica ao original.

A Declaração original, que ainda permanece como a posição APS, também contém o que eu considero um conselho pomposo e asinino a todos os governos do mundo, como se a APS fosse mestre do universo. Não o é, e estou envergonhado que nossos líderes pareça pensar que o é. Isso não é diversão nem jogos, essas são questões sérias que envolvem largos setores de nossa essência nacional, e a reputação da Sociedade enquanto sociedade científica está em jogo.

3. Nesse ínterim, o escândalo do Climategate irrompeu no noticiário, e as maquinações dos principais alarmistas foram reveladas ao mundo. Foi uma fraude em uma escala que nunca vi, e eu não tenho palavras para descrever sua enormidade. Qual foi o efeito sobre a posição APS?: nenhum. Nada mesmo. Isso não é ciência; há outras forças que estão agindo.

4. Então, alguns de nós tentamos atrair a comunidade científica para o fato (que é, afinal, a finalidade histórica pretendida pela APS) e coletamos as 200 assinaturas necessárias para apresentar ao Conselho uma proposta de um grupo de tópicos sobre Ciência Climática, achando que a discussão aberta das questões científicas está na melhor tradição da física, que seria benéfica para todos nós, e também seria uma contribuição para a nação. Eu poderia observar que não foi fácil coletar as assinaturas, uma vez que nos negaram o uso da lista de membros APS. Em qualquer caso nós agimos em conformidade com as exigências da Constituição da APS, e descrevemos com muitos detalhes o que tínhamos em mente, simplesmente para trazer o assunto à tona.

5. Para nosso espanto, a Constituição que se dane, o Sr. se recusou a aceitar nosso pedido, e fez uso de seu próprio poder sobre a lista de discussão para realizar uma pesquisa sobre se os membros tinham interesse numa TG sobre o Clima e o Ambiente. Você perguntou aos membros se eles assinariam uma petição para formar um TG sobre um tema ainda a ser definido e não forneceu formulário para petição alguma, assim você recebeu um monte de respostas afirmativas. (Se você tivesse perguntado sobre sexo teria obtido mais expressões de interesse.) Não saiu, naturalmente, nenhum pedido ou proposta, e você agora lançou um parte do Ambiente, de maneira que toda a questão ficou discutível. (Qualquer advogado teria te explicado que você não pode coletar assinaturas para uma petição vaga e, em seguida preencher com o que você quiser.) O objetivo de toda essa manobra foi evitar sua responsabilidade constitucional de encaminhar nossa petição ao Conselho.

6. A partir de então você montou um outro comitê segredo para organizar a sua própria TG, simplesmente ignorando a nossa petição legal.

A direção da APS driblou o problema desde o início, para suprimir a conversa séria sobre o mérito das reivindicações sobre alterações climáticas. Você se espanta que eu tenha perdido a confiança na organização?

Eu sinto a necessidade de acrescentar uma nota, e isso é conjectura, pois é sempre arriscado discutir os motivos das outras pessoas. Esta intriga no quartel geral da APS é tão bizarra que não pode haver uma explicação simples para ela. Alguns defendem que os físicos de hoje não são tão espertos como costumavam ser, mas eu não acho que isso seja um problema.

Eu acho que é o dinheiro, sobre o qual exatamente Eisenhower alertou meio século atrás. De fato, há trilhões de dólares envolvidos, para não falar da fama e da glória (viagens frequentes para ilhas exóticas) para quem é membro do clube. Seu próprio Departamento de Física (do qual é presidente) iria perder milhões por ano se estourasse a bolha de sabão do aquecimento global.

Quando a Universidade Estadual da Pennsylvania absolveu Mike Mann de delito, e a Universidade de East Anglia fez o mesmo com Phil Jones, elas não podem ter tido desconhecido as sanções pecuniárias que sofreriam se faziam o contrário. Como diz o velho ditado, você não precisa ser um meteorologista para saber para que lado o vento está soprando.

Posto que eu não sou filósofo, eu não vou explorar até que ponto o auto-interesse esclarecido cruza a fronteira da corrupção, porém uma leitura atenta dos noticiário doClimategate deixa claro que esta não é uma questão acadêmica.

Eu não quero parte nenhuma nela, por isso, peço-lhe aceitar a minha demissão. A APS já não me representa, mas espero que ainda nós sejamos amigos.

Hal

*(O número de títulos do catedrático é como que infindo. Seguem em inglês:

Harold Lewis is Emeritus Professor of Physics, University of California, Santa Barbara, former Chairman; Former member Defense Science Board, chairman of Technology panel; Chairman DSB study on Nuclear Winter; Former member Advisory Committee on Reactor Safeguards; Former member, President’s Nuclear Safety Oversight Committee; Chairman APS study on Nuclear Reactor Safety Chairman Risk Assessment Review Group; Co-founder and former Chairman of JASON; Former member USAF Scientific Advisory Board; Served in US Navy in WW II; books: Technological Risk (about, surprise, technological risk) and Why Flip a Coin (about decision making))





quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Entrevista com Padre Paulo Ricardo

Paulo Ricardo de Azevedo Júnior é um padre que não se furta a criticar outros sacerdotes

Paulo Ricardo de Azevedo Júnior é um padre no sentido pleno da palavra. E não apenas por usar batina. Eis um padre que segue o catecismo, o missal e a doutrina católica. Um padre que defende a Igreja e o papa. Um padre estudioso e com grande domínio da palavra. Um padre que conhece profundamente as questões canônicas. Um padre que fala de vida espiritual. Um padre que não ignora este mundo, mas sem jamais esquecer o outro. Um padre que não se furta a criticar outros sacerdotes, sobretudo o chamado “clero progressista”, ligado à teologia da libertação. Um padre à maneira antiga – tão antiga quanto os 2 mil anos da Igreja Católica.

Com todas essas qualidades, o padre Paulo Ricardo está fazendo um grande sucesso com seu trabalho de evangelização na internet. Através do site padrepauloricardo.org, ele diz o que pensa para um público cada vez mais amplo – e constituído em grande parte por jovens.

Nascido em novembro de 1967, o padre Paulo Ricardo foi ordenado em 1992, pelo papa João Paulo II. É bacharel em Teologia e mestre em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma). Membro do Conselho Internacional de Catequese, nomeado pela Santa Sé, pertence à Arquidiocese de Cuiabá (Mato Grosso). É autor de diversos livros e apresenta o programa semanal “Oitavo Dia”, pela Rede Canção Nova de Televisão.

Durante uma visita do padre Paulo Ricardo por Londrina e região, em setembro, o JL realizou a seguinte entrevista. Entre os assuntos abordados, o papel dos cristãos na sociedade contemporânea e uma relação especial com a cidade de Londrina.


JL: Em 2005, o sr. passou por uma experiência pessoal muito importante em Londrina. O que aconteceu? E de que forma essa experiência o marcou? 

Padre Paulo Ricardo: Há seis anos, eu estava vindo de São Paulo e o avião fazia escala em Londrina, indo para Cuiabá. Aconteceu que o avião atrasou, tivemos que ir para o hotel. Depois voltamos para pegar o avião outra vez. Uns cinco minutos depois da decolagem, houve um estouro na turbina direita. Trinta segundos depois, um novo estouro. Ninguém sabia o que estava acontecendo. O pessoal ficou apavorado. O avião continua estável, o que se via claramente. Fiquei pensando: vou observar. Se eu notar que vai ocorrer o pior, dou a absolvição coletiva.

Enquanto eu não sabia o que estava acontecendo, fiz meu ato de contrição, pedi a Deus perdão do meu pecado – e esperei. Enquanto esperava, pensei que havia sido prudente inutilmente. Agora eu estaria me apresentando diante de Deus, Deus iria pedir conta do meu ministério, e eu fui prudente a vida inteira, porque queria ser bispo, queria fazer carreira, não queria me queimar. Dali para frente aquilo marcou. Dali para frente eu vi que era um homem morto. Deus me disse assim: “O que eu havia previsto para você eram somente estes anos de sacerdócio, agora você vai morrer, acabou, e você não deu conta do recado. Você escondeu seus talentos”.

Dali para frente resolvi me considerar um homem morto. Porque Deus estava me dando uma segunda chance. Eu não poderia mais me colocar numa situação de prudência, pensando no futuro. O bom soldado, quando vai para a guerra, não tem que se preocupar em voltar para casa. Ele tem que se preocupar em sobreviver o maior tempo possível para fazer o maior estrago para o inimigo. O soldado sabe que um dia vai levar um tiro e um dia vai sair de ação.

Esse foi meu exame de consciência: o sacerdócio é um dom, e um dom não é algo para ser guardado. Dali em diante, eu vi que a minha batina não é um enfeite, ela é uma mortalha. O sacerdote é um homem que deveria ter morrido para o mundo; se ele não morreu para o mundo, o que está fazendo aí? Afinal de contas, a Igreja e o sacerdócio ou servem para o Céu, ou não servem para nada, podem fechar as portas.


JL: E de que maneira a Igreja Católica pode assumir a sua verdadeira missão?

Padre Paulo Ricardo: A grande dificuldade é que a Igreja, nas últimas décadas, introjetou a acusação dos marxistas – de que “a religião é o ópio do povo”. Ela se sente culpada de falar do Céu, de salvação eterna, de felicidade futura. E tenta desconversar com uma suposta doutrina social. Você vai para a Igreja e dizem que a finalidade da religião é “fazer um mundo melhor”. Ora, mas essa não é a finalidade da Igreja! Bento XVI, na encíclica “Spe Salvi”, que houve uma imanentização da esperança cristã. A esperança cristã era voltada para o Céu, agora a gente espera a coisa aqui na Terra. A gente espera um mundo ideal, um mundo melhor, em desfavor da transcendência.


Paulo Briguet: Foi a partir desse episódio que o sr. iniciou o trabalho de evangelização na internet?

Padre Paulo Ricardo: Na verdade, a coisa foi gradual. O episódio do avião foi em 2005. Existem conversões fulminantes, como a de São Francisco – o homem que um dia era pecador, no outro era virtuoso. Comigo não foi assim. Ou melhor: comigo não está sendo assim – porque ainda não terminou. Sempre fui um menininho comportado, conservador, usava traje social, camisa de manga comprida... Quando entrei no seminário, logo veio a tentação da carreira. Eu me saía melhor nos estudos; era apreciada pela maneira como falava; comecei a pensar numa carreira dentro da Igreja. Fui para Roma, fiz Teologia lá. Vivia mais no Vaticano do que Universidade, sempre metido com cardeais e gente importante. Quando fui ordenado padre pelo papa João Paulo II, passei a desempenhar algumas funções menores na Santa Sé, nada muito importante. Minha pretensão era voltar ao Brasil, servir a diocese por um tempo e depois fazer carreira no Vaticano. Mas aconteceu que em 1997, tive uma experiência de conversão. Uma experiência com Santa Teresinha. Ali eu comecei a perceber que não poderia ser padre sem abraçar uma cruz. Não poderia transformar o sacerdócio numa carreira. Entendi que o sacerdócio não era um homem, mas o sacrifício de um homem. Passei a me voltar mais para Deus, para a espiritualidade. Eu já era padre há cinco anos. Em 2002, eu conheci pela internet o filósofo Olavo de Carvalho e comecei a ler tudo que ele escrevia. Foi como se escamas caíssem dos meus olhos. Você descobre por que apanhou a vida inteira: você descobre por que lutava numa argumentação, vencia os debates, mas nada mudava. A partir disso, passei a ver que as razões verdadeiras não eram as razões apresentadas em discussões. Tem sempre algo debaixo da mesa. Tem sempre a má intenção por trás – o que é típico da mentalidade revolucionária. Em 2005, houve o episódio do avião. De 2005 para frente, eu passei a ser muito mais claro no que dizia. A partir daí comecei a realizar uma pregação mais clara contra a corrente geral.


JL: Como o sr. definiria hoje o seu papel na Igreja? 

Padre Paulo Ricardo: Hoje eu vejo que não nasci para ser bispo. Que nasci para ser pai de bispo, ou seja, formar uma geração de novos padres – e, um dia, um deles será bispo. Um dia algum deles vai ajudar a Igreja no episcopado. Para mim, o importante é saber agora que o silêncio não vai ajudar a Igreja. A gente vê no jovem a gratidão imensa quando você fala.

O filósofo Eugen Rosenstock-Huessy, pouco conhecido no Brasil, analisa as doenças da linguagem. Uma delas é a guerra; outra é a crise. O que caracteriza a guerra? A guerra é quando eu não quero ouvir o meu inimigo. Já a crise é o contrário: é não falar ao amigo. Meu amigo precisa de minha ajuda, eu sei onde está a solução, mas por conveniência eu calo. Assim a sociedade entra em crise. A sociedade está em crise porque os líderes morais que poderiam dar uma orientação às pessoas estão calados. Alguém tem de pagar o preço de falar. Mesmo sabendo que, ao falar, a pessoa vai sofrer o martírio dos tempos modernos, como o papa Bento XVI descreve com muita clareza, até porque ele mesmo é vítima desse processo. O martírio dos tempos modernos é o assassinato da personalidade. É transformar o sujeito em não-pessoa. É a calúnia, a perseguição. Você vai sendo fritado. Então, hoje nós precisamos na Igreja do Brasil de padres e bispos mártires. Uso sempre a palavra profético, mas a palavra mais adequada seria mártir. Martyrios em grego quer dizer testemunha. Alguém que crê tanto no Reino do Céu que está disposto a desprezar o reino dos homens.


JL: Há uma guerra cultural em curso no Brasil de hoje, à semelhança do conflito que Peter Kreeft identificou na sociedade norte-americana?

Padre Paulo Ricardo: Existe uma guerra cultural incipiente no país. Ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos, a esquerda brasileira conseguiu a hegemonia da mídia. Em todos os âmbitos. Qualquer um que seja oposição só tem um espaço de militância atualmente, que é a internet. Basicamente esse é o espaço que nos concedem – ainda. A esquerda diz que a revolução só pode ser alcançada se houver um período que a precede, chamado de acumulação de forças. Nós estamos no período de acumulação de forças. Ainda não existe guerra de fato. Guerra supõe exército dos dois lados. O que existe é um exército que invadiu e ocupou o país. Nós temos uma ocupação hegemônica da esquerda. Mas a geração está sendo formada. Bento XVI, nesse sentido, foi o homem da Providência para a Igreja e para o Brasil. É preciso recomendar que o cardeal Joseph Ratzinger foi o homem que condenou a Teologia da Libertação. Antes, quando se citava o cardeal Ratzinger, tudo quanto era bispo e padre aqui no Brasil dizia que isso era uma “visão radical”. Hoje em dia, cita-se Bento XVI e todos têm que ficar calados, porque não podem dizer que o papa é radical. O papa nos deu carta-branca. Está servindo como escudo para que a gente possa agir. Dentro do meu ministério, eu sempre tenho como diretriz lutar as lutas que o papa está lutando. De tal forma que o bom católico veja que eu não estou seguindo uma ideologia; eu estou seguindo a fé da Igreja de 2000 anos. A hegemonia esquerdista no Brasil é tal que a pessoa que pretende ser católica se sente um peixe fora d’água. A oposição ao pensamento do papa é tão grande que a maior parte dos jovens se sentiria fora da Igreja. A esquerda católica nos acusa – a nós que somos fiéis a Bento XVI – de estarmos fora da Igreja. Mas já que o papa está ao nosso lado e nós estamos ao lado do papa, eles não podem mais dizer isso.


JL: O sr. sempre diz que no Brasil tenta-se impor uma minoridade social aos católicos. Em que consiste esse processo?

Padre Paulo Ricardo: É a chamada ideologia do Estado laico. Segundo essa ideologia, qualquer pessoa que tenha uma visão religiosa do mundo deve guardá-la para sua vida privada. Para os defensores dessa ideologia, a religiosidade não tem espaço público, não tem cidadania. Uso essa expressão – minoridade – para dizer que nós somos cidadãos brasileiros como os menores de idade. Mas nem todos os nossos direitos são reconhecidos. Os menores de idade não podem votar, não podem dirigir carro, têm direitos e responsabilidades limitadas. Há um grupo que se apossou da “classe falante” e não nos dá direito de falar e expressar nossas opiniões – porque nós somos religiosos. O fato é o seguinte: o ateísmo é uma atitude tão religiosa quanto o catolicismo, pois vê o mundo a partir de um prisma religioso, a não-existência de Deus. Não existe alguém indiferente ao problema religioso. Se você varre do espaço público qualquer manifestação religiosa, não está colocando o Estado nas mãos de uma visão religiosamente isenta; você está impondo uma religião que se chama materialismo ateísta. Os ateus não são cidadãos de primeira categoria e nós não somos cidadãos de segunda categoria. Eles são tão cidadãos quanto nós; têm o direito de ser ateus. Só que, numa democracia, quem dá o tônus do ambiente cultural é a maioria. A maioria esmagadora da população brasileira é extremamente religiosa. Portanto, nós não temos por que ficar amordaçados por uma minoria de ateus militantes.



Publicado originalmente por Paulo Briguet em 29/10/2011 pelo Jornal de Londrina na URL http://www.jornaldelondrina.com.br/online/conteudo.phtml?id=1186223