sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A mãe do aborto

Escrito por Cristian Derosa   


Margaret Sanger foi uma personalidade decisiva para a conquista feminista do direito ao aborto na metade do século 20. Sua história se confunde com a evolução do movimento feminista pelo controle da natalidade. Seu nome, no entanto, é solenemente omitido de relatórios e fundamentações que se destinam a um público maior. Não é preciso dizer muito sobre ela para entender esta omissão, basta expor um trecho de seu principal livro The Pivit of Civilization (1919): “[os habitantes dos bairros pobres] que, devido a sua natureza animal, reproduzem-se como coelhos e logo poderiam ultrapassar os limites de seus bairros ou de seus territórios, e contaminar então os melhores elementos da sociedade com doenças e genes inferiores”. Ela resume, mais adiante, em um artigo na sua revista, Birth Control Review, do mesmo ano: “mais nascimentos entre as pessoas aptas e menos entre as não aptas, esse é o principal objetivo do controle da natalidade”.

A banalização da vida, através do que podemos chamar Cultura da Morte, começou no século passado, a partir de 1917, com a Revolução Russa e mais tarde com o nazismo. Na URSS, o aborto sem restrições foi legalizado em 1920. Podia-se matar crianças até mesmo a poucos instantes do nascimento, como já acontece nos Estados Unidos. Uma das responsáveis por esta formidável conquista humanitária foi Margaret Sanger que, junto de um grupo de mulheres, aliciou grande parte dos membros das Nações Unidas pela sua causa que já é praticamente vitoriosa nos dias atuais.

Juridicamente o aborto vai contra a cláusula máxima da constituição que é o direito à vida. Sem ele não há garantia de democracia e a vida do cidadão não pertence mais a ele, e sim ao estado. Não há dúvidas de que a maior e mais importante conquista política que o homem já alcançou tenha sido a posse da própria vida, ou seja, o fato de sua existência não depender de decisões de governo algum. Quando a vida passa a depender de uma decisão alheia à pessoa, seja qual foi a forma em que se encontre, abre-se um precedente para o terror de estado.

Para os que alegam estar defendendo os direitos da mulher sobre seu próprio corpo, enganam-se redondamente. A liberdade da mulher em relação a seu corpo termina exatamente onde começa o corpo do filho indefeso.



Originalmente publicado no Diário Catarinense em 13 de novembro de 2009.

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