terça-feira, 18 de outubro de 2011

Ocidente cristão ameaçado pela “Cristianofobia” e a indispensável reação

10 anos após o maior atentado do terrorismo islâmico (11 de setembro de 2001), o Prof. Alexandre del Valle denuncia os perigos apresentados pelo muçulmanismo no mundo atual

Enquanto em países muçulmanos se estabelecem programas “cristianofobos” — perseguições, agressões e até mesmo a execução de cristãos —, nas demograficamente decadentes nações europeias uma política suicida favorece a imigração islâmica, a ponto de torná-la uma verdadeira invasão. Ademais, governos ocidentais têm respaldado a chamada “Primavera árabe”, cuja principal favorecida vem sendo a “Irmandade Muçulmana”, tornando ainda mais sombrio o futuro dos cristãos.

Em entrevista concedida a Catolicismo, renomado especialista em mundo islâmico, o Prof. Alexandre del Valle alerta: o mesmo perigo que ameaça o Continente europeu poderá atingir a América Latina. Ele exemplifica com a política de acolhimento de terroristas islâmicos, praticada por países como Venezuela, Bolívia, Equador e Cuba, entre outros. Política que encontra apoio até em meios católicos de esquerda, “tolerantes” em relação a maometanos que são “intolerantes” para com a civilização europeia cristã…

A fim de que tal ameaça islâmica não surpreenda o Brasil, o Prof. del Valle recomenda aos católicos que reajam firmemente o quanto antes, pois nossa prosperidade atrairá ainda mais imigrantes e “em pouco tempo chegarão de todas as partes os islâmicos para trabalhar, e os islamitas radicais procurarão instrumentalizá-los como fonte inicial de conquista”.

O ilustre entrevistado é professor de Relações Internacionais na Universidade de Metz (França) e consultor de Geopolítica de diversas importantes instituições do Velho Mundo, entre as quais o Parlamento Europeu. É autor de vários livros e artigos acerca da questão islâmica. Sua última obra — Nova Cristofobia — está sendo traduzida para o português.

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Catolicismo — O Sr. poderia expor sinteticamente as várias vertentes religiosas do islã na atualidade?

Prof. del Valle — O islã é hoje o mesmo do século IX! Existem no Islã sunita (em árabe Ahl al Sunna, ou seja, “gente da tradição” ou “ortodoxos do Islã”, correspondente a 80% do mundo islâmico) quatro principais escolas: Malikismo, Hanbalismo, Shafeísmo e Hanafismo. Dentro destas quatro escolas sunitas ortodoxas há algumas formas mais radicais, como a corrente wahabita (na Arábia Saudita, por exemplo), que não é senão uma forma ultra-rigorista da escola hanbalita. O mesmo vale para os talibans, que embora pertençam à escola indo-paquistanesa de origem hanafita, são influenciados pelo hanbalismo e pelo wahabismo saudita.

A partir do século IX, as 20 escolas então existentes do Islã foram reduzidas, restando somente quatro mais ortodoxas e intolerantes. Isso em decorrência da “reforma integrista” do grande intelectual sunita Al-Ghazali, que nos séculos IX e X proibiu todas as escolas não ortodoxas do Islã que utilizavam a razão e estavam influenciadas pela filosofia grega “pagã”. O mesmo sucedeu com o sufismo, de aspecto místico liberal e muito tolerante antes do século X: Al-Ghazali conseguiu proibi-lo, para adequá-lo à ortodoxia das quatro únicas correntes islâmicas sunitas. Esta revolução integrista foi chamada “la fermeture des portes de l’Ijtihad” (fechamento das portas da interpretação).

Além das escolas sunitas existem no Islã escolas ou correntes heterodoxas pertencentes ao mundo chamado xiita. Majoritários no Irã, no Líbano e no Iraque, entre outros países, os xiitas não são como os sunitas nostálgicos do califado, porque embora este tenha sido conquistado pelos sunitas, os xiitas são majoritários e detêm uma importante tradição de corporativismo e clericalismo.

Dentro do mundo xiita estão todas as escolas heterodoxas mais liberais e tolerantes do Islã, correntes ou seitas que quase sempre são perseguidas pelos sunitas: o druzismo (Líbano, Síria, Israel, etc.), o alauitismo (Síria, Turquia, etc.), o ismaelismo (Paquistão).

As lutas entre sunitas e xiitas são invariavelmente muito graves e importantes: no Irã, os sunitas são perseguidos pelos xiitas, mas no Bahrein, na Arábia Saudita, no Kuwait, no Paquistão e no Afeganistão ocorre precisamente o oposto. Na Turquia e na Síria, os mais “laicos” e antiintegristas são os alauitas, odiados pelos sunitas que os acusam na Síria de perseguir e dominar os sunitas majoritários; na Turquia é o contrário: os alauitas, modernos, pró-ocidentais e laicos acusam o governo islamita do presidente Erdogan (sunita) de perseguir os alauitas, denominados alaviti na Turquia.

“Na Arábia Saudita, os cristãos são perseguidos, sem direito de expressar a sua religião, e os muçulmanos que desejam converter-se são condenados à morte”

Catolicismo — Há no Alcorão uma primeira fase, em que Maomé prega a moderação, inclusive a colaboração com cristãos e judeus; e uma pregação posterior, em Medina, na qual ele propugna a violência e o extermínio de todos os que não se submetem ou se convertem ao maometismo. É bem assim?

Prof. del Valle — Sim, isto historicamente é muito lógico. Em primeiro lugar, Maomé queria fazer a união com os monoteístas judeus e cristãos abraamitas para lutar contra os “Pagãos da Meca”, muçulmanos membros de sua própria tribo. Mas quando, depois da imigração de Medina (Hijra), ele se tornou mais forte e vitorioso, quis submeter e dominar os aliados judeus que haviam acolhido os muçulmanos quando de sua fuga da cidade de Meca. Mas como os judeus não queriam tornar-se muçulmanos, Maomé ordenou então o massacre de todos os homens judeus das cidades de Medina e de Khaibar.

Catolicismo — Existem diferenças entre os maometanos sufistas ou ismaelitas radicais e os demais maometanos?

Prof. del Valle — Os sufistas são muito numerosos e diferentes. Não existe um só que seja tolerante e pacífico. Isto consiste num mito dos islamófilos, que querem apresentar um islã “água de anis”. Os sufistas são místicos, fazem uma leitura mística do islã, querem fortalecer o contacto com a divindade e não ficar apenas na leitura do islã clássico. Inicialmente heterodoxos, desde a referida reforma do século IX os movimentos sufistas se tornaram em sua maioria fundamentalistas e ortodoxos, aderindo como os demais ortodoxos ao mesmo islã intolerante; conservam somente a estrutura sectária do tipo “confraternidade” ou “irmandade”, com um “Guia”, os “ritos escondidos”, a estrutura hierarquizada, etc. No que se refere aos ismaelitas, a situação é outra. O movimento ismaelita é uma seita do xiismo heterodoxo existente no Paquistão, cujo representante internacional mais famoso é Aga Khan, homem rico e muito relacionado no Ocidente. Os ismaelitas são também chamados de “xiitas sétimos”, por darem uma importância absoluta ao sétimo imã xiita, enquanto os xiitas ortodoxos majoritários aderem ao 12º imã. Para resumir e simplificar, poder-se-ia dizer que os sufistas são muçulmanos sunitas ortodoxos ou heterodoxos que privilegiam o misticismo, enquanto os ismaelitas constituem a mais importante seita xiita heterodoxa e tolerante, como os druzos e os alauitas.

Catolicismo — Em que pontos os maometanos laicos – como Ataturk na Turquia e seus seguidores até os nossos dias – se diferenciam dos islamitas radicais?

Prof. del Valle — Os muçulmanos laicos ou laicistas, chamados kémalistas, denominação derivada do famoso Mustafá Kémal “Ataturk” (“pai dos turcos”), criador, em 1923, da república turca moderna após a destruição do império otomano pelos aliados ocidentais e as tropas anti-imperiais de Ataturk. Embora nem todos os muçulmanos laicos sejam kémalistas ou seguidores de Ataturk, entre 1920 e 1960 a ideologia laica deste inspirou muitos líderes muçulmanos anti-religiosos, pró-ocidentais ou nacionalistas que desejavam modernizar seus respectivos países em relação à teocracia islâmica, a responsável, segundo eles, pelo seu atraso. Bourguiba na Tunísia, o xá Reza Pahlevi no Irã e os nacionalistas da Indonésia, por exemplo, se inspiravam em Ataturk. Mas hoje – a partir da década de 1980, data do nascimento da ideologia do islamismo radical e político – as velhas ideologias nacionalistas árabes, iranianas ou turcas de inspiração laica ou antiislamita foram vencidas pelos muçulmanos radicais teocráticos, os quais conseguiram estabelecer a crença de que o islamismo radical anti-laico é “a única fórmula política autenticamente indígena” e pós-colonial. Para resumir, o nacionalismo laico é considerada desde os anos 1980-1990 como a ideologia “pagã” antiislâmica “importada” pela ação do colonialismo ocidental. E, a meu ver, a principal força do islamismo radical, desde os sucessos políticos da “Irmandade Muçulmana” no Egito e da revolução islâmica no Irã, foi impor a crença de que o islamismo radical é “a verdadeira ideologia identificadora da Umma” – a comunidade mundial que reúne os muçulmanos.

“Dois milhões de cristãos foram mortos no Sudão desde 1980. Na Nigéria, desde o último mês de abril, 1500 cristãos foram mortos pelos islâmicos radicais”

Catolicismo — O regime sunita wahabita da Arábia Saudita é mais intolerante em relação aos cristãos do que os regimes políticos dominados pelos xiitas?

Prof. del Valle — Sim! Absolutamente! Não me apraz dizer coisas que parecem favoráveis ao terrível regime totalitário do Irã, criado pelo imã Aiatolá Khomeini no ano de 1979, mas é um fato que na Arábia Saudita, país sunita “aliado do Ocidente” e “amigo”, sob a ideologia oficial chamada wahabismo – escola sunita particularmente fundamentalista do ramo sunita hanbalismo –, os cristãos são realmente perseguidos, não têm nenhum tipo de direito de se expressar ou praticar a sua religião, e os muçulmanos que desejavam converter-se ao cristianismo são condenados à pena de morte. É também verdade que os engenheiros e oficiais ocidentais residentes nos bairros ricos das cidades sauditas podem viver de modo quase tranquilo, mas oficialmente não têm o direito de se tornarem cristãos; já para os cristãos pobres das Filipinas ou de outros países, e para os não muçulmanos em geral, é impossível e perigoso ser cristão e praticar a religião cristã, ainda que discretamente.

Enfim, no Irã, enquanto os cristãos protestantes ligados ao Ocidente são perseguidos porque acusados de “espiões da América imperialista”, os cultos autóctones cristãos de rito oriental, como o dos armênios, são mais felizes, ainda que possa parecer impossível. O Irã foi o principal país a ajudar os cristãos armênios quando a Armênia estava em guerra contra os turcófonos azeri, muçulmanos. Isso pode parecer paradoxal, mas é lógico e mostra que, para os cristãos do Oriente e as minorias em geral, é sempre pior viver em um país sunita ortodoxo ou integrista do que em um regime xiita radical. Explica-se tal situação porque os xiitas são menos fechados, menos “ortodoxos” e menos rigoristas que os sunitas no referente ao tema central do monoteísmo.

Catolicismo — O Sr. poderia apresentar com cifras um panorama geral atualizado de perseguições contra os cristãos em países de maioria muçulmana?

Prof. del Valle — Não temos cifras precisas dos países muçulmanos, porque os tipos de perseguição são muito diversos. Entretanto podemos dizer que dois milhões de cristãos foram mortos no Sudão pelo regime islamo-militar do general Omar Al Bechir desde 1980. E podemos também afirmar que na Nigéria, país dividido entre o norte muçulmano e o sul cristão, desde a eleição do presidente Jonhatan Goodluck, no último mês de abril, 1500 cristãos foram assassinados pelos grupos islâmicos radicais. Eles acusam o presidente de ser ilegítimo e não aceitam o jogo democrático, porque queriam um presidente muçulmano, e não um cristão. Em 11 dos estados federados onde os muçulmanos possuem maioria, a lei islâmica (Sharia) é imposta aos cristãos, que são também legalmente perseguidos por esta via. De outros países islâmicos é mais difícil apresentar cifras ou esboçar um quadro mesmo caricatural, porque as perseguições são mais correntes, diversas, oficiais, muitas vezes sem mortos, mas com outra forma de violência jurídica, psicológica e física. Podemos dizer que depois do Sudão e da Nigéria, os dois países piores são a Arábia Saudita e o Paquistão.

Seguem-se a Somália, prisioneira do islamismo radical, os países do Magreb (incluída a Líbia pós-Kadafi e os países “amigos” do Ocidente como o Kuwait, Bangladesh, Indonésia, etc.). Só na Indonésia, recordamos que em horríveis perseguições racistas e cristianofobas foram mortos, desde a década de 1990, pelo menos 100.000 cristãos pertencentes às minorias étnicas ou às ilhas do arquipélago majoritariamente cristãs. Os respectivos governos permitiram, com quase total impunidade, que paramilitares e milícias islamitas matassem anualmente milhares de cristãos, como na Nigéria ou no Sudão.

“No Sudão e na Nigéria há mais perseguições, seguem-se Arábia Saudita, o Paquistão, a Somália, os países do Magreb (incluída a Líbia pós-Kadafi)”

Catolicismo — A imigração maciça de muçulmanos apresenta perigo sério para os países europeus e suas gloriosas tradições cristãs?

Prof. del Valle — É uma questão muito delicada e importante! Uma primeira observação: em meu movimento político “A Direita Livre”, que criei em 2002 com um amigo de origem muçulmano-algeriana, Rachid Kaci, hoje conselheiro do Presidente Sarkozy, dizemos sempre que a imigração islâmica é em si mesma um perigo, se deixarmos os líderes religiosos muçulmanos manipular e fanatizar os respectivos imigrados instalados na Europa juntamente com seus filhos tão pouco integrados. Segunda observação: ainda que conseguíssemos integrar muitos filhos de muçulmanos, imigrados ou nascidos na Europa, a partir de certo número de pessoas em tais condições é sempre mais difícil integrar do que fazê-lo em relação a grupos oriundos de povos e civilizações diferentes.

Creio ser possível integrar muitos muçulmanos se crermos em nossos valores ocidentais de origem judeu-cristã e conseguirmos transmitir uma forma de “patriotismo integrador”. Mas no contexto mundial de radicalização islâmica, com o fenômeno de “mundialização” permitindo hoje ao imigrado muçulmano estar sempre em contato com a sua cultura de origem, especialmente através das televisões árabes ou islâmicas mais fanáticas e anti-ocidentais, de um lado; e sabendo, de outro lado, que a estratégia dos líderes islamitas fanáticos mundiais é de utilizar os imigrados islâmicos na Europa para invadi-la e conquistá-la, em tais condições uma imigração não controlada de milhões de muçulmanos na Europa assemelha-se sempre mais a um fenômeno que eu chamo de “povoamento” ou “colonização de povoamento”. Por isto, é vital e estratégico limitar a imigração dos países islâmicos e privilegiá-la em favor de países cristãos.

“No Brasil, Foz do Iguaçu é desde a década de 1980 um centro de fanatismo, refúgio e tráfico econômico em favor do Irã e do Hezbollah internacional”

Catolicismo — Há um perigo de infiltração islâmica na América Latina, especialmente através da chamada Revolução Bolivariana na Venezuela e em outros países?

Prof. del Valle — Outra vez, claro que sim! Venezuela, Bolívia, Nicarágua, Equador e Cuba estão fazendo um jogo perigoso em curto prazo ao favorecerem a implantação na América Latina de agentes do Hamas, do Hezbollah internacional e de movimentos islâmicos fanáticos e “revolucionários”. A presença desses movimentos terroristas e o apoio do presidente Chávez ao governo do Irã, ao Hamas, e ao Hezbollah ninguém pode negar. Também convém ter presente que, no Brasil, a cidade de Foz do Iguaçu é desde a década de 1980 um centro de fanatismo, refúgio e tráfico econômico em favor do Irã e do Hezbollah internacional. Outro fato pouco conhecido é que alguns movimentos “indígenas” radicais da Bolívia, da Venezuela e do México (Chiapas) já estão convertidos ao islã radical e crêem, como Chávez, na aliança dos totalitarismos vermelho e verde (social-comunista e islâmico) contra o homem branco, o “imperialismo”, o “capitalismo”, os norte-americanos e a civilização europeia cristã…

Catolicismo — O que pensar da política concessiva da esquerda católica quanto ao relacionamento com os maometanos?

Prof. del Valle — A esquerda católica favorecedora do Islã, da Palestina, do Irã, de Chávez, do Hamas ou do Hezbollah atua como “inocente útil” mediante sua atuação “antiimperialista”, conforme a expressão de Lênin em relação a seus aliados ingênuos. O que é um “inocente útil” para Lênin ontem, para Khomeini em 1979 ou para o Hezbollah ou a Al-Qaida hoje? É o “infiel” que acredita poder estabelecer uma aliança durável com os integristas islâmicos, mas que ignora ser essa apenas uma aliança momentânea, destinada a ser útil somente a um dos dois: ao comunismo ontem, ao islamismo radical hoje. A melhor prova disso é que os cristãos perseguidos no mundo todo nunca são perdoados, poupados pelos islamitas que os perseguem ou matam. A política pró-Palestina e anti-Israel dos católicos de esquerda nunca melhorou a situação catastrófica dos cristãos da Palestina “livre”, os quais, em 1950, eram 20% da população e agora são menos de 1%… O mesmo vale para o Magreb, a Turquia, a África negra e a Indonésia: em nenhuma parte do mundo islâmico observa-se o princípio de tolerância e reciprocidade com os cristãos, que são os únicos a respeitarem o jogo da “tolerância” em sentido único.

Catolicismo — O Sr. admite que uma invasão pacífica da Europa pelos muçulmanos através do fator demográfico esteja sendo levada a cabo? Em tal caso, de quem seria a principal responsabilidade?

Prof. del Valle — Podemos dizer que a Europa será invadida progressivamente em algumas de suas cidades e países, pelos povos muçulmanos e africanos do sul, se não houver reação. Claro que o fator demográfico é central. Por isto, os dirigentes europeus demonstraram ser irresponsáveis e destituídos de bom senso, porque em vez de favorecer a política demográfica de natalidade para os europeus (ajuda às famílias para terem mais filhos), preferiram importar milhões de pessoas culturalmente pobres e de difícil integração. Esta é uma política não somente suicida, mas criminosa, porque o que se está preparando é simplesmente a “substituição de povo”. Nossas elites europeias de esquerda ou europeístas de Bruxelas, intoxicadas pela ideologia mundialista, querem mudar o povo europeu e criar, em nome de uma política antinacional e de negação da identidade fundamentalmente cristã da Europa, uma mescla impossível entre o Ocidente e o Islã.

A conclusão terrível é que os líderes intelectuais europeus que aplicam as teorias marxistas ou libertárias mundialistas querem negar a identidade branca e judeu-cristã da Europa. E, para que tal negação se transforme em “verdade”, a melhor solução é transformar o povo europeu e, a longo termo, o povo ocidental cristão, porque a nova cristianofobia existe não somente nos países muçulmanos asiáticos ou comunistas, mas dentro do próprio Ocidente. E o objetivo da cristianofobia, nascida da ideologia anticlerical francesa do Iluminismo e da Revolução Francesa – agora o coração da ideologia mundialista ocidental –, é a destruição do Ocidente cristão, considerado como “a pior das civilizações”.

“Os brasileiros devem reagir se não quiserem terminar como alguns países europeus, que vivem um problema de integração quase impossível de solucionar”

Catolicismo — O que pensar da Irmandade Muçulmana e de seu apoio à Primavera árabe?

Prof. del Valle — Boa pergunta! A “Irmandade Muçulmana”, movimento salafista pan-islâmico criado em 1928 no Egito para reagir contra a abolição do califado islâmico otomano por Ataturk, está feliz por estar realizando uma “revanche”, uma vingança, depois de 84 anos! Com efeito, é fácil observar que desde o princípio da “Primavera árabe” estão em perigo somente os governos ditatoriais socialistas, “laicos”, nacionalistas, contrários à Al Qaida e à Irmandade Muçulmana: Mubarak, no Egito, era inimigo dos islamitas dessa irmandade; o mesmo se dava com Ben Ali, na Tunísia, Kadafi na Líbia, o regime “não muçulmano” de origem alauita de Bachar Al Assad na Síria; e, por fim, Saleh no Iêmen, também odiado porque “inimigo do islamismo radical” e acusado de não muçulmano. Poderíamos ainda mencionar o Rei de Jordânia, muçulmano moderado, igualmente ameaçado pela “Irmandade Muçulmana”…

Posso também precisar que após a queda do presidente Bachar na Síria – se ele terminar um dia como Kadafi, o que não é nem impossível nem seguro –, a situação dos cristãos tornar-se-á exatamente como no Iraque, onde eles eram muito mais considerados quando o ditador laico Saddam Hussein governava do que agora. Hoje, os cristãos do Iraque são as principais vítimas dos grupos salafistas e da Irmandade Muçulmana.

Catolicismo — Que iniciativas o Sr. sugere aos católicos brasileiros para se oporem a uma eventual invasão muçulmana no País?

Prof. del Valle — No Brasil, os católicos devem organizar campanhas de opinião pública para esclarecer a população a respeito do totalitarismo islâmico e fazer pressão sobre os governos, para que estes denunciem às Nações Unidas a Nova Cristianofobia, título de meu novo livro em francês, o qual espero ver brevemente traduzido para o português.

Creio que os católicos não devem temer. O Santo Padre João Paulo II dizia “não ter medo”. Ele tinha razão, pois o medo não permite evitar o problema. Os católicos devem sublinhar sempre o fato de que nos países muçulmanos não existe a menor forma de reciprocidade em relação aos cristãos. Enquanto os muçulmanos continuarem a perseguir os cristãos e todas as minorias não islâmicas no mundo inteiro, eles não poderão se queixar de serem vítimas de “islamofobia”.

Os brasileiros devem reagir o quanto antes, se não quiserem terminar como alguns países europeus, que agora vivem um problema de integração quase impossível de solucionar. Nosso presente cristianofobo e a invasão ora em curso na velha Europa pelos conquistadores islâmicos serão o vosso futuro se os católicos não reagirem rapidamente. Porque sendo o Brasil um país rico que atrai muitos imigrantes, em pouco tempo chegarão de todas as partes islâmicos para trabalhar, e islamitas radicais procurarão instrumentalizá-los como fonte inicial de conquista. 


A entrevista reproduzida aqui foi publicada originalmente em 18/10/2011 e retirada da URL http://www.ipco.org.br/home/noticias/ocidente-cristao-ameacado-pela-%E2%80%9Ccristianofobia%E2%80%9D-e-a-indispensavel-reacao

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